Cancro do rim
Cancro do rim
Cerca de 25% das massas ou tumores renais são benignas. Entre os tumores malignos ou cancro do rim, os mais comuns nos adultos são o carcinoma de células renais e o carcinoma de células de transição. O tumor de Wilms é uma forma de cancro do rim que ocorre nas crianças mais novas. Os rins são órgaos pares que fazem parte do aparelho urinário. Localizam-se por trás dos órgãos abdominais, na região lombar, de cada lado da coluna e abaixo das costelas.
Entre as suas funções estão a filtração do sangue para remover resíduos do metabolismo e outras substâncias que serão eliminadas na urina formada nos rins, produzir algumas hormonas e manter o equilíbro de fluidos e eletrólitos do organismo.
Fatores de risco para o cancro do rim
Não são conhecidas causas para o cancro do rim. No entanto, alguns fatores aumentam o risco de desenvolver esta doença.
O principal fator de risco para o cancro do rim estão é idade. A doença é mais comum nas pessoas mais velhas, a doença é diagnosticada geralmente entre os 60 e os 70 anos. O diagnóstico em idades mais jovens está associado a uma maior probabilidade de cura.
O sexo é também um fator de risco, sendo os homens mais afetados.
Outros fatores de risco são a obesidade e alimentação desequilibrada, o consumo de tabaco, a realização de diálise por insuficiência renal, algumas doenças hereditárias, a exposição ocupacional a alguns compostos químicos e a história familiar de hipertensão arterial e de cancro do rim.
Sintomas
O cancro do rim pode desenvolver-se como um tumor único ou como massas múltiplas, geralmente apenas num dos rins. Nas suas fases iniciais e quando de pequena dimensão esta doença pode não ter sintomas associados. Cerca de metade dos cancros do rim são diagnosticados acidentalmente, por exemplo quando se fazem exames de imagem por outras razões e se identificam massas neste órgão.
No entanto, podem também ocorrer sintomas como:
Sangue na urina, que pode ter uma cor desde rosado claro a castanho escuro
Dor na região do flanco (entre as costelas e anca)
Dor lombar, de um dos lados, que não alivia
Perda de peso inexplicável
Febre
Estes sintomas não são específicos do cancro do rim e são comuns a muitas outras doenças. Por isso, sempre que estejam presentes devem ser procurados cuidados médicos.
Diagnóstico de cancro no rim
Quando é identificada uma massa renal e/ou há suspeita de cancro do rim podem ser pedidos diversos exames de diagnóstico.
Os resultados desses exames, junto com a história e exame físico, contribuem para excluir ou confirmar a suspeita e para fazer o estadiamento da doença, nos casos em que se confirme que se trata de um cancro do rim:
Análises de sangue e urina, incluindo pesquisa de compostos relacionados com a função dos rins
Exames de imagem, como tomografia computorizada, ressonância magnética ou ecografia, geralmente com contraste
Cintigrafia óssea e radiografia de tórax, para identificar metástases
Biopsia do rim. Muitas vezes os exames de imagem são suficientes para confirmar um diagnóstico de cancro do rim, não sendo necessário fazer uma biopsia. No entanto, esta pode ser necessária quando há dúvidas nos resultados dos exames de imagem, e quando os tumores são pequenos, podendo ser tratados com vigilância ativa ou ablação. A biopsia permite identificar o tipo de tumor presente e diferenciar um tumor primário do rim de uma metástase de um cancro noutra localização.
Estadiamento do cancro do rim
Quando é diagnosticado um carcinoma do rim, é depois feito o seu estadiamento para definir o prognóstico e decidir a melhor abordagem de tratamento.
O estadiamento tem em conta:
O grau, que traduz a agressividade das células tumorais;
A disseminação do tumor para os gânglios e órgãos próximos ou mais distantes.
A determinação da fase ou estádio da doença usa o sistema TMN, que tem em conta o tamanho do tumor primário (T) no rim e a sua disseminação para os ganglios linfáticos regionais (N) e gânglios linfáticos e órgãos distantes (M). Neste sistema são adicionados algarismos e letras a T, N e M, que uma vez combinadas permitem para definir quatro fases ou estádios (I a IV) da doença.
Tumor primário ou T
T1 – Tumor ≤ 7,0 cm confinado ao rim, pode ser dividido em:
T1a – Tumor ≤ 4,0 cm
T1b – Tumor 4,0-7,0 cm
T2 – Tumor > 7,0 cm, confinado ao rim, pode ser dividido em:
T2a – Tumor 7,0-10,0 cm
T2b – Tumor > 10 cm
T3 – Tumor cresce nas veias principais, mas não atinge a glândula suprarrenal nem a fáscia de Gerota que fixa o rim à parede abdominal posterior
T4 – Tumor atinge áreas além da fáscia de Gerota e glândula suprarrenal
Gânglios linfáticos regionais ou N
N0 – Sem metástases em gânglios linfáticos regionais
N1 – Com metástases em gânglios linfáticos regionais
Gânglios linfáticos e órgãos distantes ou M
As metástases do cancro do rim são mais comuns nos pulmões, ossos, fígado, cérebro e nódulos linfáticos distantes.
M0 – Sem metástases à distância
M1 – Com metástases à distância
Fases ou estádios do cancro do rim
Fases I e II – Cancro do rim localizado. Inclui todos os cancros do rim, de qualquer dimensão, que estejam confinados aos rins (T1 e T2). São sempre N0 e M0.
Fase III – Cancro do rim localmente avançado. Invade o rim mas não o ultrapassa (T3). Pode ou não atingir gânglios linfáticos regionais (N0 ou N1), mas não há metástases distantes (M0)
Fase IV – Cancro do rim metastisado. Invade órgãos próximos (T4) ou distantes (M1).
Tratamento do cancro do rim
O objetivo principal do tratamento do cancro do rim é eliminar a doença e proteger a função renal. Além do estadiamento da doença, a decisão sobre a modalidade de tratamento tem de considerar também a integridade da função renal do outro rim. A modalidade de tratamento ideal é a cirurgia. No entanto, esta pode não estar indicada, por exemplo devido a idade ou outroas doenças presentes.
As modalidades de tratamento possíveis para o cancro do rim são:
Vigilância ativa
Nefrectomia parcial ou cirurgia para remover apenas a porção do rim atingida
Nefrectomia radical ou cirurgia para retirar todo o rim
Ablação tumoral por calor (radiofrequência) ou frio (crioablação)
Vigilância ativa
A vigilância ativa pode ser uma opção para o cancro do rim localizado (fase I), com massas pequenas (com menos de 3 cm), quando se querem evitar efeitos indesejáveis das outras modalidades de tratamento e a cirurgia não é viável.
Neste caso, os sintomas são vigiados, são feitas consultas e exames regularmente com o objetivo de vigiar a progressão da doença para um estado em que possa ser necessária outra modalidade de tratamento. Habitualmente é realizada uma biopsia do tumor para assegurar que não é agressivo.
Nefrectomia
Nefrectomia significa remoção cirúrgica do rim, que pode ser parcial ou total. Em ambos os casos, pode ser realizada por cirurgia aberta, laparoscópica ou robótica.
A decisão de remover parte ou todo o rim depende do tamanho do tumor, da sua localização no rim, de ser único ou múltiplo e do funcionamento dos rins.
Na nefrectomia parcial é removido apenas o tumor e a parte do rim atingida, poupando a parte do rim saudável. É uma opção comum quando o tumor tem 4-7 cm, embora também possa ser feita para tumores maiores. Quando se trata de vários tumores pequenos, é também uma opção de tratamento.
A decisão de realizar uma nefrectomia parcial pode ser tomada apenas com base em imagem ou necessitar de uma biópsia prévia para determinar a agressividade do tumor. Sempre que possível, a nefrectomia parcial deve ser preferida em relação à nefrectomia radical.
Quando os tumores são múltiplos e grandes ou há um tumor único grande, localizado centralmente no rim e o segundo rim funciona adequadamente, a opção é geralmente uma nefrectomia radical (retirar todo o rim afetado). Esta é a modalidade mais comum para massas tumorais grandes e no cancro do rim localmente avançado (fase III). Neste caso, a função renal é assegurada pelo segundo rim.
No cancro do rim metastizado (fase IV), também pode estar indicada uma nefrectomia para eliminar o tumor primário e aliviar os sintomas, que pode ser total ou parcial. Nesta fase da doença a cirurgia é complementada com tratamento com medicamentos (terapêutica angiogénica ou imunoterapia ou quimioterapia + imunoterpia).
Ablação tumoral
Uma outra opção no cancro do rim localizado (fase I), quando os tumores têm menos de 3 cm, é fazer a sua ablação, ou seja, a sua destruição através do calor (radiofrequência) ou do frio (crioablação), poupando o tecido normal do rim.
Antes de fazer uma ablação é necessário realizar uma biopsia do tumor para determinar a sua agressividade.
Cirurgia robótica no cancro do rim
Além das vantagens gerais da cirurgia minimamente invasivas e da cirurgia robótica, a nefrectomia parcial robótica tem vantagens particulares:
A remoção do tumor e a reconstrução renal são mais precisas e mais rápidas. Durante a incisão do rim, remoção do tumor e reconstrução, os vasos do rim são clampados para reduzir as perdas de sangue e otimizar a visualização. Quanto menos tempo o rim ficar clampado (tempo isquemia quente), tanto melhor será a recuperação da função renal.
É maximixada a quantidade de tecido renal saudável que não é removido.
Em casos com tumores complexos selectionados, é possível de preservar o rim onde com abordagem convencional já não é.
Em casos selecionados, é possível realizar o procedimento sem interromper a circulação de todo o órgão (sem clampagem ou clampagem parcial), deixando uma parte do rim vascularizado durante a excisão do nodulo. Recorrendo a uma técnica de fluorescência e a uma câmara especial (Firefly) é possível controlar a zona vascularizada e não vascularizada.
A minha experiência pessoal cirurgia robótica do rim
Número de nefrectomias robóticas realizadas – 450
